"É através das energias emocionais, que circulam nos centros energético-informativos (os Chakras), que a ‘persona’ se conecta com a dimensão espiritual do ser. Precisamos das emoções para compreender o “não-físico”.
A função básica do corpo de desejo (Kama) é converter as vibrações captadas pelos órgãos físicos em sensações, de forma que o instinto básico de sobrevivência, nossa herança unicelular, possa agir em nossa autopreservação. Os centros energético-informativos do corpo etérico são os responsáveis por essa transferência energético-informativa para fins de conversão em sensações. A maioria das vibrações físicas gera sensações neutras, mas algumas delas, quando confrontadas com nosso centro etérico de sobrevivência (primeiro Chakra), geram as sensações de “agradável” ou “desagradável” no nosso corpo astral.
Ambas as sensações, “agradáveis” e “desagradáveis”, geram respostas físicas, emocionais e mentais. Uma sensação, no corpo de desejo, quando chega ao corpo mental gera uma percepção. A essa percepção dá-se o nome de “sentimento de prazer”, se for uma sensação agradável, ou “sentimento de dor”, se for desagradável. Assim, a percepção e o sentimento associado envolvem a utilização do corpo astral, e a volta energético-informativa ao Sistema Nervoso Mental e Emocional torna a percepção e o sentimento conscientes no estado de vigília.
A percepção e o sentimento de dor geram reações energéticas de raiva e de medo, sempre que a sobrevivência nos é ameaçada. Se não há ameaça à sobrevivência, a percepção e os sentimentos de dor e de prazer, com o tempo, condicionam o surgimento de energias de apego e de repulsa (o desejo de repetir a sensação e o desejo de não repetir a sensação) no corpo de desejo (Kama). Assim, os desejos (apego e repulsa) envolvem a utilização e o processamento da memória, em busca de sensações agradáveis e desagradáveis já sentidas, que vêm ao consciente através do Sistema Nervoso Mental. As energias dos sentimentos de prazer ou de dor ocasionam desejos de experimentar esse prazer novamente, ou de evitar a dor, que surgem somente após o término da experiência ou na eminência de seu início.
As energias do medo e da raiva ficam armazenadas na porção astral do primeiro Chakra, as de dor e prazer no segundo e as do desejo (apegos e repulsas) são armazenadas na porção astral de nosso terceiro Chakra. O primeiro e o segundo Chakras se relacionam com o bem-estar físico do corpo, e o terceiro Chakra com a energia necessária à busca desse bem estar. Dor, prazer, apego e repulsa, medo e raiva se mesclam. O apego aos objetos de prazer gera dor ou prazer se os perdemos ou ganhamos, respectivamente. A repulsa aos objetos de dor gera mais dor ou prazer se entramos ou não em contato com eles, respectivamente. A possibilidade, ou de perder os objetos de prazer e não reavê-los ou de encontrar objetos de dor, leva ao medo e as suas ocorrências levam à raiva.
Essas energias do medo e da raiva, energias provenientes do primeiro Chakra, inundam todos esses três centros energéticos. Já o prazer de ganhar um objeto de apego gera mais prazer e apego e a dor de entrar em contato com objetos de repulsa gera mais dor e repulsa, num ciclo vicioso que aprisiona mais e mais energia na porção astral do primeiro, segundo e terceiro Chakras.
O desejo não é uma energia negativa em si, pois traz consigo o poder de realizar. Esse poder é uma função mental que traz em si a capacidade de obter ou repelir. Quando surge o desejo por algo, o corpo mental logo se encarrega em formular estratégias para a sua obtenção. Assim se obtém experiência e diversas formas de “poder mental”, mas também de controle (Cf. adiante). O ponto-chave está na transformação, ou não, do desejo em apego, repulsa ou controle.
A nível físico, o Sistema Nervoso Mental capta, traz à consciência e integra os vários sinais sutis, provindos do terceiro Chakra astral e relacionados com o desejo, comparando-os com os registros prévios da memória, também resgatados à consciência, usando, para isso, as fibras de associação secundárias (raciocínio lógico) e terciárias (raciocínio abstrato e ordenação dos pensamentos). Desse processamento consciente, a nível físico, e inconsciente, a nível mental, surgem a nível astral as emoções (captadas pelo Sistema Nervoso Emocional) e as ações relacionadas de comportamento emocional e social (gerenciadas pela área pré-frontal cerebral).
As emoções são um amálgama das energias sutis dos desejos com o intelecto e com o pensamento, as quais se tornam conscientes quando captados pelo Sistema Nervoso Mental, ou seja, a emoção é a conscientização do desejo. A emoção propriamente dita é incontrolável. Para se ter algum controle sobre as emoções, é imprescindível a análise dos caminhos tortuosos que a provocaram. É observar conscientemente, com o Sistema Nervoso Mental, o Sistema Nervoso Emocional: os fatores provocadores e as respectivas reações emocionais conscientes.
Decorre daí a importância fundamental das emoções e dos sentimentos na evolução espiritual do ser humano. A mente pode ser controlada, mas os sentimentos e emoções não. No máximo podem ser escondidas, ou seja, terem a sua captação suprimida pelo Sistema Nervoso Emocional. Em geral, somente as mulheres têm o terceiro Chakra (das emoções) receptivo e funcionante, no sentido de se estar aberto aos sentimentos. A energia dos homens sobe do primeiro para o segundo Chakra e pára. Está estagnada no Chakra da sexualidade e não sobe ao Chakra dos sentimentos e emoções. O desafio dos homens é se abrirem aos sentimentos e emoções.
Não é fugindo do prazer e da dor que obteremos o domínio dessa nossa natureza inferior. Somente quando enfrentarmos essas sensações, sentimentos, desejos e emoções, com suas tensões e pressões associadas, é que obteremos os mecanismos necessários ao seu domínio consciente. Muitas vezes será necessária uma fuga estratégica para recuperar nossas forças, mas quando conseguirmos desenvolver a paciência, a serenidade e a calma diante de situações difíceis, a nossa natureza inferior será finalmente subjugada. Não será reprimindo-os à força que eles serão subjugados, pois eles facilmente passarão à mente subconsciente, daí dando origem a diversos transtornos psicológicos aos quais a psicologia chama “complexos”, de onde continuarão comandando, veladamente, o comportamento pessoal.
Quando a energia do desejo se transforma em apego ou repulsa, outras formas energéticas podem surgir. A forma intelectualizada do apego é o amor humano (Eros), e a da repulsa é o ódio humano. São a mesma forma de energia com polarizações diferentes. O amor é o uso integrativo da energia, une e atrai, enquanto o ódio é o uso desintegrativo, que separa e repele. Ambas as formas ficam armazenadas no terceiro Chakra etérico e nesse centro ódio e amor podem gerar três tipos de comportamento emocionais (e/ou sociais) cada um, de acordo com as relações sociais (de um superior para um inferior, de um inferior para um superior ou entre iguais) existentes.
O amor que olha para baixo é a benevolência e o que olha para cima é a veneração, a fé e a devoção. O amor entre iguais, socialmente falando, gera ternura mútua, confiança, respeito, prazer em ajudar com doçura. O ódio ao inferior gera o menosprezo, enquanto o ódio entre iguais gera raiva, cólera, insolência, agressividade e violência. Já o ódio ao superior gera o receio que pode tornar-se medo. A ansiedade seria uma reação normal do indivíduo a todas essas emoções, geradas pelas circunstâncias sociais ou familiares que ele tenta dominar desde a infância.
Todas essas formas de amor e de ódio podem gerar ansiedades que buscam contentamento e prazer, que quando obtidos, ou não, geram mais ansiedades. A ansiedade é inseparável do medo, energia contrária ao amor. Quando essa energia da ansiedade aumenta, e chega a um certo nível crítico, surgem emoções mais ativas, como as neuroses e os estresses, ou emoções passivas, como a melancolia e a depressão. Todas essas energias acumulam-se, então, no quarto Chakra e se retro-alimentam, aumentando a si próprias: a teia do medo chega ao coração.
Ou seja, com o prosseguir da existência, aquelas reações (neuroses, estresses, depressões e ansiedades), frutos do desejo (apego ou repulsa) de coisas impermanentes, chegam a um ponto em que o acúmulo da energia do medo nos Chakras fica crítico, fruto de um ciclo vicioso pernicioso (astral, etérico e físico) que só pode ser rompido com o uso de energias superiores (mentais).
Aí ou se deixa, por ignorância e/ou comodidade (lei do hábito), a autopreservação agir (usando a energia do medo e da raiva acumuladas) e se reprimem as emoções, com conseqüências imprevisíveis e inúteis, ou se abre o coração (quarto Chakra) para novas alternativas de transcendência: o não agir (o wu-wei dos taoístas). A primeira alternativa gera a resposta de “lutar ou fugir” e a segunda leva a nos “fingirmos de morto”. Então podemos escolher como usar as energias acumuladas nos três primeiros Chakras e quais tipos de energia acumular no quarto Chakra: a tristeza e a depressão, com sua teia do medo, ou a alegria e a felicidade com a sua teia do amor.
A priori, não há nada de errado em nenhuma das opções. O problema é o perigo de se ficar preso na teia do medo, pois se escolhermos a primeira opção (lutar ou fugir) e reprimirmos as emoções, gerar-se-ão tensões musculares, transtornos cardíacos, respiratórios e endócrino-metabólicos, que trazem mais dor e sofrimento. O aumento do sofrimento aumenta a ilusão da separatividade pelo reforço da percepção do “sujeito sofredor” (“eu” estou sofrendo). Negar as emoções, como se fossem “coisas feias”, as joga ao subconsciente para reforçar a nossa Sombra. Mas se não houver repressão emocional, o medo e a raiva serão apenas sinais de alerta que apontam para algum fato que deve ser resolvido conscientemente.
Já com a segunda opção (o não agir), transcende-se a dor e o prazer na unidade deles. Mas como isso se dá? Esse não agir implica num processo mental de se observar conscientemente tudo o que está se passando nos planos físico, etérico e astral (sensações, sentimentos, desejos e emoções) e entender o seu mecanismo (gerar conhecimento) auto-suficiente e automático, regido pela lei do hábito (Cf. em AUTOCONHECIMENTO, no capítulo anterior). Observar o que se passa traz, necessariamente, uma desidentificação com os nossos corpos físico-etérico e astral. Entendemos, finalmente, que não somos todos aqueles processos descritos de sensações, sentimentos, desejos e emoções, e ficamos prontos para transcendê-los. Percebemos, enfim, que não somos as nossas sensações e sentimento nem nossos desejos e emoções, mas que eles surgem e permanecem em nós, num ciclo vicioso, devido a causas bem definidas.
Onde houver tristeza devemos procurar o apego por trás dela. Através da busca do desapego aos objetos de desejo, pela eliminação do véu da ignorância (a percepção de outro nível de realidade sujeito/objeto, inseparáveis e unos) é possível essa transcendência. Mas dois fatores são imprescindíveis nesse processo: a existência do amor e de um sentido à vida. Cura alguma será completa a menos que o homem se sinta amado e assim encontre uma motivação, uma razão para prosseguir.
Para se poder transcender esse ciclo vicioso (astral e físico-etérico) é necessário se usar o poder da vontade no intuito de quebrar os hábitos provenientes de emoções negativas (do ódio) e desenvolver novos hábitos baseados no amor e não no medo. Vê-se, então, que o centro do poder da vontade realmente está num nível acima do plano astral (das emoções), pois pode atuar sobre ele transformando-o.
"Somos o que fazemos repetidamente. Logo, a excelência não é um ato, mas um hábito".
Aristóteles (384-322 a.C.)
Esse processo de desidentificação é primordial para que possamos observar nossos corpos inferiores em suas ações e reações. Somente após o entendimento dessas ações e reações, mantidas devido ao hábito, é que poderemos usar de nossa vontade para mudá-las. Esse processo de dissociação requer introspecção, recolhimento e paciência, uma vigilância contínua de nosso “eu inferior”, visando reconhecer padrões antigos e substituí-los por novos, através de longo esforço e prática constante. É estar consciente no presente, através do exercício da atenção.
Após conhecermos os mecanismos que levam à gênese do desejo, passamos a compreender que não há problema em sentir prazer, não podemos é nos apegarmos aos fatores que o provocam. Já a dor sempre trará estímulos para nosso progresso pessoal. Ela é inerente à existência física, mas sempre será temporária de forma que não precisamos mais fugir dela. Além do mais, já que todo o universo está interligado, todos os objetos de dor e de prazer fazem parte de nosso ser e não preciso querê-los nem evitá-los.
Quando não mais tivermos medo de perder qualquer objeto de prazer e quando não mais tivermos medo de encontrar qualquer objeto de dor, pelo simples conhecimento, através de cada átomo de nossa persona, de que ambos esses objetos (de prazer e de dor) não estão separados da própria persona, outra porta se abrirá para a nossa existência. Passamos a ver, no nosso íntimo, objetos de dor que não nos dão mais repulsa e objetos de prazer que não nos dão mais apego. A Luz e a Sombra (Cf. no capítulo anterior), presentes em nosso interior, finalmente não mais se repelem.
É necessário que surja o caos para que nossas estruturas se organizem num nível de complexidade superior. É necessário o apego para que aprendamos a nos desapegar. O caos é fonte da evolução quando utilizado adequadamente. Toda semente, por mais feia, murcha e pequena, pode estar escondendo uma bela flor, uma frondosa fruteira ou uma grande árvore. Caos, dificuldades e estresses, paradoxalmente, são necessários à ordem, à evolução e à paz (Cf. no próximo capítulo, em “MEDITAÇÃO/CONTEMPLAÇÃO"). O prazer sensual é a semente da qual germina o amor entre marido e mulher, que desabrocha no cuidado com a família, floresce no serviço à pátria e à humanidade, até que se torna indistinguível da Vontade Superior.
Desapegar-se é ser no mundo e não ser do mundo. Desapegar-se acontece naturalmente quando eliminamos os véus da ignorância e passamos a viver no presente, em plena atenção (Cf. no próximo capítulo, em MEDITAÇÃO). Mas viver desapegado, ser no mundo, traz em si a transformação dos desejos materiais e, logicamente, das suas emoções. Uma grande, e quase insuportável, sensação de vazio existencial, inevitavelmente, nasce nessa situação. Viver num mundo sem prazeres, dores, desejos e emoções parece-nos não poder ser chamado de viver. Mas é somente mais um hábito que está sendo mudado, o hábito de se viver com prazeres, dores, desejos e emoções. Sempre que nossa vida chega a situações tristes e desoladas, sentimos algo parecido com esse vazio. Pensamos que estamos em franco declínio, mas a vida logo mostra que estamos sendo transformados, preenchidos com algo novo.
Ver nossa Luz e nossa Sombra, sem desejos e julgamentos, capacita-nos a ver a Luz e a Sombra dos outros também sem desejos ou julgamentos. Passamos a nos ver nas “outras” pessoas, coisas e idéias, numa unidade indissolúvel. Essa consciência de nós mesmos, e a consciência de unidade com tudo e todos, é a chave da autotransformação, descrita no capítulo passado. Com nosso corpo físico-etérico purificado e nosso corpo astral idem, nosso eu inferior passa a desenvolver emoções superiores (simpatia, reverência, devoção, compaixão, desejo de servir, etc.), que nada mais são que reflexos do “Eu superior”. O eu inferior, tornado puro, não mais age. Resignado, responde inteiramente à Vontade do “Eu superior”, como um bom servo do plano divino.
“não mais eu, mas Cristo vive em mim...”
Paulo de Tarso (Gl 2:20)
Passamos a amar incondicionalmente e a viver a compaixão, da maneira como o Cristo e o Buda nos recomendaram. Essa maravilhosa energia do amor incondicional inunda o quarto Chakra e se irradia, naturalmente, por toda a circunvizinhança. Viver sem apegos não é viver sem amor. E é esse amor, por tudo e por todos, que traz a “paz que ultrapassa o entendimento”, que brilha em nossa mente de forma a percebermos os problemas da vida de uma forma apropriada, sem ilusões, apegos ou julgamentos. É a essa paz que o Cristo chamou Bem-aventurança, nossa Auto-realização.
Em conseqüência desse livre fluxo energético, passamos a nos expressar livremente, sem medos, pois estamos em harmonia com o nosso lado Sombra. Nesse momento nosso quinto Chakra funciona plenamente vivificado. Nossa Sombra já não mais nos assusta nem entra em erupção nos momentos estressantes. Aprendemos a nos ver por completo, sem mais apegos, e assim nos aceitar. Aceitar o que estamos sendo gera a unificação de nosso ser, a nossa transcendência e o desbloqueio de energias antes presas em nosso inconsciente (Cf. em “A NATUREZA HUMANA”, no capítulo anterior). A aceitação plena de si mesmo é a única forma de perdoarmos a todos, de desfazermos todas as mágoas e arrependimentos que nos prendem ao passado. O perdão é a chave para se viver o presente, abrir-se à renovação, esquecer-se do velho eu, virar semente e “morrer para germinar”.
As mulheres, geralmente abertas aos sentimentos e emoções, em geral têm a sua energia estagnada no quarto Chakra, muitas vezes perdidas nos próprios sentimentos e emoções. E quando conseguem “destravar” essas energias, elas não sobem ao quinto Chakra: estão com um ‘nó na garganta’ porque concordaram em se manter em silêncio e serem dominadas sob a atual sociedade patriarcal. Enquanto o desafio dos homens é se abrirem aos sentimentos e emoções, o desafio das mulheres é abrir o Chakra da comunicação sem “se tornarem homens”, fechando o seu terceiro Chakra dos sentimentos.
Somente através do trabalho conjunto e contínuo de energização de todos os centros energético-informativos, da purificação de nosso corpo astral e da vinda de energias de planos superiores (Mental superior e Búdico – Buddhi), é que surgirão o verdadeiro autoconhecimento, o amor próprio, a livre expressão, o perdão de si mesmo e a compreensão de verdades espirituais. A compreensão, por exemplo, da verdade da unidade da vida, resultado do trabalho evolutivo de nossos corpos causal e intuicional, gera o sentido de fraternidade e compaixão. Todos esses fatores são pré-requisitos ao amor e perdão incondicionais (amor espiritual), à compaixão plena e à renovação pessoal.
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